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Todo o dinheiro na conta de Queiroz, agora preso no Rio


Fabrício Queiroz recolheu mais de R$ 2 milhões em um período de pouco mais de dez anos em um suposto esquema de "rachadinha" entre servidores da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio) vinculados direta ou indiretamente ao ex-deputado Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), aponta o MP-RJ (Ministério Público do Rio), informa a Folha de S. Paulo.


A informação consta na decisão do juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, que determinou a prisão de Queiroz, detido ontem em Atibaia (SP). Ainda de acordo com o MP-RJ, 70% desse valor foi depositado na conta de Queiroz em dinheiro vivo —ao menos 11 ex-assessores tinham relações de parentesco, amizade ou eram vizinhos do ex-assessor de Flávio Bolsonaro, hoje senador. Os pagamentos, segundo a investigação, eram feitos próximos às datas de pagamentos dos servidores da Alerj entre abril de 2007 e 17 de dezembro de 2018.


O MP-RJ também identificou que 26,5% dos repasses foram feitos por transferências bancárias e outros 4,5% em cheque. Com o afastamento do seu sigilo bancário, a investigação ainda detectou uma intensa rotina de saques na conta de Queiroz de cerca de R$ 3 milhões.


O UOL procurou o advogado Paulo Emílio Catta Preta, mas ele ainda não foi localizado. Ontem, o defensor disse ter tido uma conversa de 20 minutos com Queiroz no parlatório do presídio de Benfica.


Na ocasião, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro disse não entender o motivo de sua prisão. A reportagem procurou a assessoria de Flávio sobre os valores levantados na investigação da rachadinha, mas ele ainda não comentou. O senador sempre negou irregularidades em seu gabinete na Alerj.


No Twitter, Flávio disse ontem que encara a prisão com "tranquilidade" e que "a verdade prevalecerá". "Mais uma peça foi movimentada no tabuleiro para atacar Bolsonaro. Em 16 anos como deputado no Rio nunca houve uma vírgula contra mim. Bastou o presidente Bolsonaro se eleger para mudar tudo! O jogo é bruto!", escreveu.


A prisão de Queiroz Queiroz foi localizado e preso em um imóvel que pertence ao advogado Frederick Wassef, que esteve na posse do novo ministro das Comunicações, Fabio Faria (PSD). Wasseff é advogado de Flávio e do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Na casa onde Queiroz estava em Atibaia, policiais apreenderam celulares, cartão de crédito e dinheiro em espécie (a quantia não foi revelada).


A esposa de Fabrício Queiroz também teve prisão autorizada, mas não foi localizada até o momento.


Queiroz já foi policial militar e é amigo do presidente Bolsonaro desde 1984. Reformado na PM, trabalhou como motorista e assessor de Flávio, então deputado estadual pelo Rio. Ele passou a ser investigado em 2018 após um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) indicar "movimentação financeira atípica" em sua conta bancária, no valor de R$ 1,2 milhão, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.


Queiroz foi demitido por Flávio pouco antes de o escândalo vir à tona. O último salário de Queiroz na Alerj foi de R$ 8.517, e ele teria recebido transferências em sua conta de sete servidores que passaram pelo gabinete de Flávio. As movimentações atípicas levaram à abertura de uma investigação pelo MP-RJ.


Uma das transações envolve um cheque de R$ 24 mil depositado na conta da hoje primeira-dama, Michelle Bolsonaro. O presidente, na época, se limitou a dizer que o dinheiro era para ele, e não para a primeira-dama, e que se tratava da devolução de um empréstimo de R$ 40 mil que fizera a Queiroz.

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