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Ramos: 'Não me envergonho' de articular com o Centrão

Responsável pela articulação política que entregou o comando do Congresso a aliados do Palácio do Planalto, o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, reagiu nesta segunda-feira a críticas sobre a aliança do presidente Jair Bolsonaro com o Centrão, informa o Estadão. O protagonismo e a vitória eleitoral do ministro, general de Exército da reserva, o fortaleceram no comando da relação com os parlamentares, mas geraram incômodo entre os militares. Um general disse que ele deveria se envergonhar. Mas Ramos rebate e, em entrevista ao Estadão, afirma que oficiais da ativa das Forças Armadas entendem o “momento político” do governo.


"Não me envergonho", disse o ministro à reportagem. "Não tenho vergonha nenhuma, não. Tomei uma atitude coerente. Meu desprendimento de ter aberto mão da minha carreira no Exército mostra que estou a serviço do País. O governo hoje é do Bolsonaro, mas é do País."


Para o ministro, os generais da ativa compreendem a situação do governo Bolsonaro, que levou à aliança com partidos do Centrão. O presidente conseguiu, ao abraçar o Centrão, blindar seu mandato de ameaças de impeachment e tenta destravar a própria pauta. Antes, o bloco governista era criticado pelo fisiologismo e chamado de "velha política" pelo presidente na campanha. Chegou a ser associado a "ladrão" no palanque de Bolsonaro, nas palavras do general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional.


"Tenho contato com vários generais, amigos meus, não há isso, não. Eles entendem que é o momento político, que estou cumprindo uma missão. Não há (constrangimento), muito pelo contrário", afirmou Ramos.


Generais que serviram em cargos de confiança a Bolsonaro no Palácio do Planalto deixaram o governo desprestigiados, passando a uma postura de oposição a diversas frentes do governo, entre eles a gestão da Saúde na pandemia da covid-19. É o caso dos generais Santos Cruz, ministro antecessor na Secretaria de Governo, e Rêgo Barros, ex-porta-voz da Presidência, então integrante da equipe direta de Ramos.


"Não quero entrar no caminho de criticar a, b ou c. Agora, o general Rêgo Barros trabalhava comigo, estava dando tudo certo, sai e passa a criticar o governo. Santos Cruz trabalhava aqui, (sai) e passa a criticar o governo. Não tenho nada contra. Eles podem fazer isso", afirmou Ramos.


O ministro Ramos se irritou, especialmente, com declarações do general da reserva do Exército Francisco Mamede de Brito Filho. Eles trabalhavam juntos e tinham bom relacionamento, argumentou o ministro. Brito comandou a 4ª Brigada de Infantaria Leve - Montanha, em Juiz de Fora (MG), enquanto Ramos era seu superior, comandante da 1ª Divisão de Exército, no Rio, em 2014. Em 2019, Brito foi chefe de gabinete no Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).


Brito afirmou que a quantidade de ministros militares incomoda não só quem está na reserva, mas também na ativa. "A imagem da instituição já está arranhada. Ficam do lado de um governo que comete as barbaridades que estamos presenciando”" afirmou Brito. Ele comentou diretamente o trabalho de Ramos, general quatro estrelas que articulou a eleição dos presidentes da Câmara e do Senado. Como mostrou o Estadão, o gabinete de Ramos passou a ser visto como um QG (quartel general) das campanhas do Legislativo, onde eram acertados os repasses de verbas e cargos para o Centrão, o que Ramos nega. Cerca de R$ 3 bilhões em verbas extras foram distribuídas para contemplar 285 parlamentares.


"Não tem como dizer que ele está a serviço do País, ele serve ao governo. Se não se envergonha de ter feito isso, como não se envergonhou em outros eventos passíveis de constrangimento... Eles vão continuar, têm suas motivações", disse Brito.

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