Em uma atitude que gerou constrangimento e perplexidade aos organizadores do Fórum Econômico Mundial, o presidente Jair Bolsonaro e três ministros faltaram, sem aviso prévio, a uma entrevista coletiva à imprensa marcada para hoje em Davos, na Suíça, segundo O Globo.
Minutos antes do início da entrevista, havia corre-corre entre funcionários da organização para saber se e quem viria. Um contato com a imprensa estava previsto desde a semana passada com Bolsonaro e os ministros Paulo Guedes (Economia), Sergio Moro (Justiça) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores). Pessoas que participaram do fórum dizem jamais ter visto uma situação semelhante.
A repórteres que estão no hotel onde Bolsonaro e parte dos auxiliares próximos se hospedam, uma fonte disse que o cancelamento ocorreu pelo "comportamento antiprofissional da imprensa" ao longo do fórum. Depois apresentou nova versão: disse que a agenda de hoje está sem espaço para a coletiva.
Para Vera Magalhães, jornalista do Estadão, o “caladão” da delegação brasileira se deveu a uma conjunção de fatores. Um dos ministros repetiu ao BR-18 a versão segundo a qual Bolsonaro estava cansado e precisava se poupar para o jantar de hoje com investidores.
Isso não justifica, porém, o cancelamento também da fala dos ministros. Nesse caso, ela foi ditada pelo mau humor de Bolsonaro com a imprensa brasileira. Houve a avaliação de que há uma tentativa dos jornalistas de compararem as falas de Sérgio Moro e Paulo Guedes com as de Bolsonaro como forma de “tirar o protagonismo” do presidente de seu primeiro compromisso internacional.
E isso seria acentuado caso apenas eles falassem. Por fim, Bolsonaro quis evitar ser questionado sobre os desdobramentos do caso Flávio Bolsonaro e a declaração dada mais cedo à agência Bloomberg, em que disse que o filho teria de pagar caso se comprove que cometeu algum erro. A interpretação de que jogou o filho ao mar teria contrariado Bolsonaro e aumentado sua indisposição.