Ao ser questionado nesta sexta-feira sobre a operação policial que cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao senador Flávio Bolsonaro (sem-partido), um de seus filhos, o presidente Jair Bolsonaro mandou os jornalistas ficarem calados e disse que um deles tem “cara de homossexual terrível”, informa o Valor Econômico.
A reação foi apoiada por gritos e aplausos de apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada. Exaltado, Bolsonaro ordenou mais de uma vez aos jornalistas: “Fica quieto”. Questionado se o senador Flávio Bolsonaro cometeu algum deslize, o presidente disse a um dos profissionais: “Você tem uma cara de homossexual terrível, mas nem por isso eu te acuso de ser homossexual. Se bem que não é crime ser homossexual”.
O presidente afirmou ter repassado empréstimo a Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, acusado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro de comandar a distribuição de dinheiro exigido dos servidores do gabinete de Flávio. O presidente disse que parte do empréstimo foi pago em um cheque à primeira-dama, Michelle.
Questionado se tinha comprovante do repasse, respondeu: “Pergunta para tua mãe o comprovante que ela deu pro teu pai, tá certo?”. Bolsonaro disse que não precisava de comprovante porque conhece Queiroz desde 1985: "Nunca tive problema com ele, pescava comigo, andava comigo pelo Rio de Janeiro, tinha que ter um segurança comigo, andava com o meu filho, aí, de repente, se ele fez besteira, responda pelos atos dele".
Nesta sexta o presidente também atacou o juiz Flávio Itabaiana, magistrado que autorizou operação para investigar o suposto esquema de “rachadinha” quando o filho do presidente era deputado estadual. Bolsonaro também criticou o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, sugerindo que ele tem apoiado ações para prejudicar sua família.
O ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), André Mendonça, minimizou os ataques do presidente Jair Bolsonaro à imprensa, classificando-os como uma "reação humana em um contexto em que ele se vê injustiçado". Responsável pela defesa do governo na Justiça, Mendonça disse que é preciso "separar o joio do trigo, pois há muitos bons jornalistas, mas também há pessoas que não se comprometem com a verdade, mas com a destruição de reputações". Por fim, disse que Bolsonaro é um "homem íntegro e que sem dúvidas respeita a imprensa".