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STF mantém Lula na prisão até analisar o caso Moro


Por 3 a 2, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu ontem manter preso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e deixou para depois do recesso do Judiciário (que termina em agosto) a análise do habeas corpus em que o petista acusa o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, de julgá-lo com parcialidade e motivação política no caso do triplex do Guarujá. Na mesma sessão, os ministros negaram um pedido de liberdade do petista contra decisão do Superior Tribunal de Justiça, totalizando a quarta derrota de Lula na Corte na tentativa de deixar a prisão.


No julgamento desta terça, acompanhado por uma comitiva de parlamentares do PT, os ministros do Supremo discutiram uma proposta de Gilmar Mendes de colocar Lula provisoriamente em liberdade até que a análise da suspeição de Moro fosse concluída. O caso começou a ser discutido em dezembro, mas foi suspenso após um pedido de vista – mais tempo para análise – do próprio Gilmar. As informações são de O Estado de S. Paulo.


Em seu voto, Gilmar citou o vazamento de supostas mensagens trocadas entre Moro com procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, divulgadas pelo site The Intercept Brasil. As conversas, segundo o site, sugerem que o então juiz orientou investigações da operação. O ministro, porém, tem afirmado não ser possível garantir a autenticidade das mensagens, pois apagou o aplicativo usado na época e não tem mais os registros. Ele nega também qualquer atitude contra a lei.


Ao tratar do conteúdo das conversas, Gilmar destacou nota oficial da OAB que considera o episódio uma situação de tamanha gravidade: “Não há como negar relação do caso (de suspeição de Moro) com fatos públicos e notórios cujos desdobramentos ainda estão sendo verificados (o vazamento de mensagens). A própria procuradora-geral da República já se mostrou bastante preocupada, diz ela ‘em dúvida’, sobre a insuspeição do magistrado considerando os elementos até aqui divulgados”, disse Gilmar.


O julgamento sobre a atuação do ex-juiz foi adiado a pedido do próprio Gilmar, que alegou que a pauta da Turma estava congestionada de processos – o habeas corpus de Lula estava previsto como décimo segundo item. Diante do impasse, o ministro propôs a liberdade provisória de Lula até a finalização do caso sobre Moro.


A sessão desta terça expôs as divisões internas da Segunda Turma: de um lado, Gilmar e Lewandowski, críticos aos métodos da Lava Jato, defenderam a saída do petista da prisão. De outro, os ministros Edson Fachin e Cármen Lúcia – considerados mais “linha dura” e rigorosos com réus – votaram contra a liberdade de Lula.


O placar final foi definido pelo ministro Celso de Mello. Ao votar contra a liberdade de Lula, Celso disse que a posição expressada nesta terça não representa uma antecipação de como irá votar futuramente no caso, quando julgar o mérito da questão – se Moro foi ou não parcial ao condenar Lula.

“Reconheço que o que vou pronunciar aqui nesse momento e agora não tem nada a ver com o fundo da controvérsia, portanto, que não se interprete meu voto como sendo de antecipação de minha decisão futura quando do julgamento final”, afirmou o decano. Ele informou aos colegas que esse outro voto já está pronto, mas ainda não foi marcada uma data para a retomada do julgamento sobre a atuação de Moro.


Levantamento do Estado em julgamentos da Lava Jato pela Segunda Turma até esta terça aponta que Celso concordou com Fachin em 78,6% dos casos – é o segundo ministro que mais converge com o relator, atrás apenas de Cármen (alinhada com Fachin em 100% dos processos). Os que mais discordam de Fachin são Gilmar e Lewandowski.

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