Em meio à recente troca de acusações entre os governos de Brasil e França, o presidente francês, Emmanuel Macron, comentou nesta segunda-feira, durante a cúpula do G7, que foi questionado sobre a possibilidade de definir um "status internacional" para a Amazônia. Ele disse considerar que esse pode ser o caso se um "Estado soberano" tomar de "maneira clara e concreta medidas que se opõem ao interesse de todo o planeta”:
-- A verdade é que associações, ONGs e atores internacionais, inclusive jurídicos, questionaram em diversos anos se era possível definir um status internacional para a Amazônia. Isso não está na discussão das iniciativas apresentadas hoje. É realmente uma questão que se coloca: se um Estado soberano tomasse de maneira clara e concreta medidas que se opõem ao interesse de todo o planeta? Então, aí haveria todo um trabalho jurídico e político a ser feito, mas creio poder dizer que as conversas que o presidente do Chile Sebastián Piñera teve com o presidente Jair Bolsonaro não vão nesse sentido.
Macron continuou: "Bolsonaro deseja ser respeitado como ator nesse jogo, mas acredito que ele tem consciência desse tema – em todo caso, eu prefiro ter essa esperança. Não é hoje que vamos decidir nada sobre isso, mas é um tema que permanece aberto e continuará a prosperar, nos próximos meses e anos. Nós vemos a natureza... a importância é tão grande na questão climática que não se pode dizer que 'é apenas o meu problema”.
Na manhã desta segunda, Bolsonaro questionou o interesse de Macron em auxiliar as ações de combate às queimadas na região amazônica e comentou a ajuda anunciada pelo francês com um exemplar do jornal "O Globo" em mãos que tinha a seguinte manchete: "Macron promete ajuda de países ricos à Amazônia".
-- Macron promete ajuda de países ricos à Amazônia'. Será que alguém ajuda alguém – a não ser uma pessoa pobre, né? – sem retorno? [...] O que eles querem lá há tanto tempo?, questionou Bolsonaro.
Em seguida, ele voltou a criticar o presidente francês pelas redes sociais: "Não podemos aceitar que um presidente, Macron, dispare ataques descabidos e gratuitos à Amazônia, nem que disfarce suas intenções atrás da ideia de uma 'aliança' dos países do G-7 para 'salvar' a Amazônia, como se fôssemos uma colônia ou uma terra de ninguém. Outros chefes de estado se solidarizaram com o Brasil, afinal respeito à soberania de qualquer país é o mínimo que se pode esperar num mundo civilizado".
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