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Lula: “Brasil é governado por um bando de malucos”


O ex-presidente Lula afirmou nesta sexta-feira, em entrevista exclusiva concedida à Folha e ao jornal espanhol El País, que o Brasil está sendo governado por "um bando de maluco". Ele conversou com Mônica e Marlene Bergamo e Victor Parolin.


Depois de uma batalha judicial na qual a entrevista chegou a ser censurada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), o petista enfim recebeu os jornalistas Mônica e Marlene Bergamo e Victor Parolin em uma sala preparada pela Polícia Federal na sede do órgão em Curitiba, onde está preso desde abril do ano passado. Os agentes explicaram aos jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas presentes que ele seria colocado em uma mesa a uma distância de 4 metros de todos.


Em duas horas e dez minutos de conversa, o ex-presidente falou da vida na prisão, da morte do neto, do governo Jair Bolsonaro, das acusações de corrupção que sofre e da possibilidade de nunca mais sair da prisão: "Não tem problema. Eu tenho certeza de que durmo todo dia com a minha consciência tranquila. E tenho certeza de que o (procurador Deltan) Dallagnol não dorme, que o (ministro da Justiça e ex-juiz Sérgio) Moro não dorme".


Reservou ao ex-magistrado, o primeiro que o condenou pelo caso do tríplex de Guarujá, algumas de suas principais ironias: "Sempre riram de mim porque eu falava 'menas'. Agora, o Moro falar 'conje' é uma vergonha". Para Lula, Moro não vai sobreviver na política. Sobre o presidente Jair Bolsonaro, não foi tão taxativo. Apesar de várias críticas, afirmou que "ou ele constrói um partido sólido, ou não perdura".


Lula disse que a elite brasileira deveria fazer uma autocrítica depois da eleição de Bolsonaro: "Vamos fazer uma autocrítica geral nesse país. O que não pode é esse país estar governado por esse bando de maluco que governa o país. O país não merece isso e, sobretudo, o povo não merece isso".


Ele comparou o tratamento que a imprensa dá a ele com o que reserva ao atual presidente da República: "Imagine se os milicianos do Bolsonaro fossem amigos da minha família?", referindo-se ao fato de o filho do presidente, Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), ter empregado familiares de um miliciano foragido da Justiça em seu gabinete quando era deputado estadual pelo Rio.


O ex-presidente chorou quando falou da morte do neto Artur, de 7 anos, há um mês: "Eu às vezes penso que seria tão mais fácil que eu tivesse morrido. Eu já vivi 73 anos, poderia morrer e deixar o meu neto viver".


Lula disse ainda que, se sair da prisão, quer "conversar com os militares" para entender "por que esse ódio ao PT", já que seu governo teria recuperado o orçamento das Forças Armadas.


Disse que acompanha a briga de Bolsonaro com o vice-presidente Hamílton Mourão. Mas que era grato ao general "pelo que ele fez na morte do meu neto (defender sua ida ao velório), ao contrário do filho do Bolsonaro (Eduardo)", que afirmou no Twitter que ele queria se vitimar com a morte do menino.


Afirmou que o País tem hoje "o mais baixo nível de política externa que já vi na vida". Em tom de brincadeira, afirmou que o ex-chanceler de seu governo, Celso Amorim, tem uma dívida por ter deixado o atual chanceler, Ernesto Araújo, seguir carreira no Itamaraty.


Sobre Fernando Henrique Cardoso (PSDB), disse que o ex-presidente poderia "ter um papel de grandeza e mais respeitoso com ele mesmo, não comigo".

O ex-presidente falou ainda da necessidade de diálogo entre partidos de esquerda. E comentou o episódio em que o senador Cid Gomes (PDT-CE), irmão de Ciro Gomes, afirmou em um encontro do PT: “Lula está preso, babaca”. O petista disse que não ficou chateado, pois está mesmo preso. "Isso é uma verdade. Só não precisava chamar os outros de babaca", disse, rindo.

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