Além de o impacto líquido de R$ 10,45 bilhões – segundo a proposta da reforma da Previdência dos militares – ser pequeno, a reforma exigirá mais sacrifício dos demais trabalhadores, segundo a avaliação de economistas ouvidos pelo Estado de S. Paulo.
“Os detalhes da proposta foram uma decepção”, diz o professor da Universidade de São Paulo Luís Eduardo Afonso. “No fim, o governo espera economizar R$ 10,45 bilhões em dez anos, após um pacote de concessões ao qual nenhum outro trabalhador teve direito. É uma reforma assimétrica, em que os demais trabalhadores vão ter de se esforçar muito mais pela saúde do sistema”.
Ele também avalia que o governo optou por não mexer em questões importantes, como a integralidade – com o militar saindo da ativa com a mesma renda de antes – e a contribuição para a inatividade. “A contribuição hoje é feita para as pensões. São questões importantes e, infelizmente, o DNA militar do governo parece ter pesado.”
O economista da Tendências Consultoria Fabio Klein avalia que a proposta já chega ao Congresso desidratada, o que deve fazer aumentar os custos para aprovação do conjunto da reforma da Previdência: “Haverá uma longa briga, que vai exigir forte papel de negociação e intermediação do presidente”.
Klein estima que dificilmente a previsão feita pelo governo, de economia de R$ 1 trilhão para o conjunto da reforma, será mantida:“O elevado grau de desidratação da proposta da reforma da Previdência militar forçará o governo a flexibilizar as mudanças em outras frentes, o que resultará em razoável desidratação do impacto final”.
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