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Quem é o vice?


Quem é o vice? Eis a pergunta da semana. Alckmin e o Centrão davam como certo o nome do mineiro Josué Gomes, filho do falecido ex-vice-presidente José Alencar, mas ele desistiu. Josué animaria o 2º maior colégio eleitoral do país, com 16 milhões de eleitores. Já o vice-líder das pesquisas, logo abaixo de Lula, o capitão Bolsonaro teve vetado pelo PRP o nome do general Augusto Heleno, enquanto a advogada Janaína Paschoal sinaliza pouco interesse.


Por quê a dificuldade? O vice-presidente é o segundo cargo mais importante do país e substitui o presidente em seus impedimentos. Diante da presença constante do Senhor Imponderável dos Anjos, a condição de vice assume maior importância. Basta lembrar José Sarney no lugar de Tancredo Neves, Itamar Franco no de Fernando Collor e Michel Temer no de Dilma Roussef.


O arranjo exige poder de agregação. Respeitabilidade, capacidade de articulação política, conhecimento sobre a realidade do país, trânsito fácil no Congresso e experiência. Um vitorioso do setor produtivo cai bem. Seria o caso de Josué. Deve-se também observar a equação regional e a alta densidade eleitoral. Combinação que junte o Sudeste, mais de 40% dos votos, com o Nordeste, com 26%, é recomendável. Evidente que essa pessoa há de ter influência em sua região.


A escolha de nomes-fantasia (figuras que circulam apenas em seu meio ou celebridades) pode ser um tiro n’água. O nome do coronel Marcos Pontes, que fez um voo espacial em uma nave russa Soyuz (Lula pagou US$ 10 milhões pela carona) é brincadeira de mau gosto. Já imaginaram o astronauta comandando o país? O mesmo se pode dizer do príncipe Luiz Philippe de Orleans e Bragança, da Casa Imperial Brasileira. Significaria um monarquista na linha de frente da política. Os dois são lembrados para a chapa de Bolsonaro.


Os entraves para a escolha de vices mostram as incertezas sobre os candidatos à Presidência. Nomes mais fortes demonstram preferir um pássaro na mão do que dois voando. Talvez por isso o senador Magno Malta (PR) tenha recusado ser vice de Bolsonaro. Dúvidas cobrem também chapas para governos de Estados.


Urge ter cuidado. Na campanha de 1996 para a Prefeitura de Boa Vista (RR), Ottomar Pinto, ex-governador e candidato a prefeito, escolheu o vice Clodezir Filgueiras, de apelido Mimi, não muito conhecido pelo povão. A oposição contratou um gago querido na cidade. Que aparecia no programa do opositor gozando: “quem é o vice, quem é o vice?”. Embutia a subliminar: Ottomar deixaria o vice na prefeitura, dois anos depois, para se candidatar ao governo. Uma “traição” ao povo.


A intenção de voto de Ottomar desabou. Mas o gaguinho foi “cooptado” com promessas. Virou a casaca. No mesmo lugar em que gravou sua gozação, lá estava ele: “quem é o vice, quem é o vice? Completava: “é meu amigo Mimi”. A cena agora mostrava os dois abraçados. Isso reverteu a situação. Clodezir virou herói. Ottomar ganhou. Depois de grande susto.

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