
O procurador-geral da República, Augusto Aras, enviou ofício à procuradora-geral de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, Fabiana Costa Oliveira Barreto, nesta segunda, pedindo a apuração das agressões sofridas por jornalistas durante ato realizado em Brasília no domingo na Praça dos Três Poderes, informa o blog de Fausto Macedo no Estadão. Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro agrediram com chutes, socos e empurrões a equipe de profissionais do Estadão que acompanhava o ato pró-governo.
“Tais eventos (as agressões aos jornalistas), no entender deste procurador-geral da República, são dotados de elevada gravidade, considerada a dimensão constitucional da liberdade de imprensa, elemento integrante do núcleo fundamental do Estado Democrático de Direito. Em razão disso, observadas as eventuais condições de procedibilidade (art. 88 da Lei 9.099/1995), solicito a vossa excelência a adoção das providências necessárias à apuração dos fatos e responsabilização criminal dos seus autores”, afirmou Aras no documento.
Na manhã desta segunda, o presidente Jair Bolsonaro colocou em dúvida a agressão agressão sofrida por profissionais do Estadão em ato realizado contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) no domingo e disse que, “se houve”, partiu de “possíveis infiltrados”. Bolsonaro esteve presente na manifestação, mas disse que não viu a violência ao fotógrafo Dida Sampaio e a outros membros da equipe de reportagem.
Também hoje o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, divulgou nota na qual afirma que ‘qualquer agressão a profissionais de imprensa é inaceitável’ e que ‘a liberdade de expressão é requisito fundamental de um País democrático’. Ministros do Supremo, partidos políticos, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e entidades como a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) rechaçaram os ataques. Em nota, a direção do Estadão disse que “trata-se de uma agressão covarde contra o jornal, a imprensa e a democracia”.