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Os caminhos da eleição



O Não Voto – abstenção, votos nulos e brancos -, atinge seu mais alto índice, de 40 %, e até de 50% em algumas regiões. Ocorre que nunca se viu interesse tão grande pelo pleito, em todos os circuitos. Aparentemente, uma contradição. De um lado, a disposição de se afastar do processo; de outro, uma grande motivação pelo debate. Há nexo entre as posições? Resposta afirmativa.


O conjunto de crises no país - política, econômica, moral-ética - mexe com os brios do eleitor. Abre os pulmões da revolta, fazendo a sociedade virar as costas para a política, e oxigena o corpo social. Esse jogo favorece a democracia, alimentado pelos grupos participativos e críticos. O Brasil está ativo, não padece de inanição em suas veias.


Vejamos o que se comenta. Bolsonarianos defendem a ideia de que seu candidato porá ordem na casa, acabando com a bagunça. No cesto, um pouco de tudo: a propinagem da corrupção; a bandidagem ceifando vidas; a invasão e depredação de patrimônios por MST, MTST e congêneres; o apartheid social apregoado pelo PT e aglomerados, açodando a luta de classes.


Para fortes parcelas das margens e do topo da pirâmide, Bolsonaro é o guerreiro para lutar contra responsáveis pela degradação social. Mesmo simpatizantes do andar superior desconsideram o fato de sua eventual vitória puxar o país para a extrema direita, fechando portas a posições progressistas e renovadoras.

No outro extremo habitam os defensores do lulo-petismo, representados pelo candidato a vice Fernando Haddad, cuja aparência jovial não disfarça a posição de ventríloquo de Lula. O slogan diz tudo: “O Brasil feliz de novo”. O engodo foca as massas saudosas da era lulista, que tinham fácil acesso ao consumo. O rombo da era dilmista será esquecido entre as más recordações. A própria mandatária será elevada ao Senado pelo eleitorado mineiro. Contradições da política.


As margens petistas correm em direção ao banquete e as do meio desfraldam a bandeira da luta de classes. Sonham o triunfo do comunismo/socialismo clássico, que não sobrevive nem na China, e vive seus estertores na Venezuela e na Nicarágua ou ainda sobrevive nas ditaduras de Cuba e Coreia do Norte.


Os extremos vestem seus ícones com o manto de “salvadores da Pátria”. Seriam as maiores parcelas do país? O território devastado pela corrupção será empurrado para um governante da extremidade? O que ocorrerá em caso de vitória de um ou outro? A óbvia resposta aponta para uma larga rachadura social e consequente expansão dos confrontos.


No fluir das conversas emerge uma saída pelo meio, abrigando os perfis de Álvaro Dias, Geraldo Alckmin e mesmo Ciro Gomes, cuja linguagem gera polêmica. Meirelles e Marina estariam fora, o primeiro pelo peso do perfil; já à guerreira do “verde amazônico” faltaria estrutura para amealhar a maioria eleitoral.


Esse é o tom da orquestra nesse início de concerto.


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