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Opinião pública

  • Foto do escritor: Gaudêncio Torquato
    Gaudêncio Torquato
  • 2 de ago. de 2018
  • 3 min de leitura


Opinião pública – eis a chave para compreendermos a natureza de muitos fenômenos sociais. A opinião pública funciona como salvaguarda da sociedade.


É de suas criações mais importantes para o próprio desenvolvimento e ajuste social. É uma arma de defesa contra as ameaças de sistemas autoritários, uma ferramenta de avanços e mudanças e uma câmara de eco das grandes demandas sociais. Como nasce a opinião pública? Nasce das idéias e crenças individuais, que vão se aglomerando em núcleos, expandindo-se de maneira vertical (nas classes sociais) e horizontal (nos espaços geográficos), conduzidas pelos meios de comunicação, que funcionam como tuba de ressonância dos fatos. Em um certo momento e em espaços imprevisíveis, vão surgindo ondas que se encadeiam, difundindo e multiplicando, de acordo com as circunstâncias, a complexidade dos fatos, as peculiaridades dos atores sociais envolvidos e as características do momento e do lugar.


A opinião pública é determinada, então, por fatores de ordem psicológica, sociológica e histórica. Os fatores psicológicos abrigam as atitudes pessoais e grupais, as crenças e ideologias, os campos das emoções e da razão. Há nas pessoas uma base em que estão devidamente guardadas e arquivadas as suas crenças, estereótipos, valores e princípios, e, conseqüentemente, as suas propensões para aceitar e/ou rejeitar outras crenças e valores. Inconsciente e consciente se mesclam no exercício rotineiro de percepção, interpretação e valoração de acontecimentos e pessoas.


A integração inter-pessoal e/ou grupal e a interpenetração das bases psicológicas individuais geram novas ondas, que recebem influência de eventos e fatores distintos, como a geografia ambiental e a configuração de elementos de natureza econômica (escassez, excesso de demanda, excesso de oferta, fatores macro-econômicos de ordem internacional), de natureza grupal (etnias, sexo, idade) e de natureza ecológica (preservação da natureza). Ou seja, as cadeias de opinião reagem aos fatos ambientais, determinando novas posições, dispersando-se por todos os espaços, difundidas pelos meios de comunicação. As crises políticas e econômicas são mediadas pelo fenômeno da opinião pública. Constantemente, os governos lançam “balões de ensaio” para testar suas decisões importantes junto à opinião pública.


A opinião pública é um fenômeno dinâmico. Acompanha a idade, os valores e a ética de cada tempo. Por isso mesmo, conserva uma base temporal, que vai se adaptando aos ciclos históricos, determinando novas direções, atenuando ou adensando conceitos e preconceitos. Por exemplo: a percepção social sobre moda, sexo e casamento conserva uma base tradicional, cuja passagem pela dinâmica do tempo funciona como fator de lapidação e moldagem de novas percepções. A posição muda de acordo com a região, a classe social, os padrões e as normas vigentes.


E que elementos entram na química de formação da opinião pública? Em primeiro lugar, as necessidades determinadas pelos impulsos básicos: os impulsos combativo e nutritivo, que explicam a necessidade do Homem lutar para se conservar e sobreviver; e os impulsos sexual e maternal, relacionados à perpetuação da espécie e aos valores humanos da solidariedade, amor, paixão, integração, vida em grupo etc. (ver apêndice do capítulo I sobre Mecanismos Básicos do Comportamento). A leitura sobre o campo de abrangência dos impulsos denota a conjunção de necessidades materiais e espirituais dos indivíduos e dos grupos. Por exemplo: a escassez de energia, pelo impacto que cria, aciona os mecanismos do comportamento grupal, acendendo críticas e estabelecendo formas de defesa individual e social. Os impactos negativos gerados por uma crise de energia funcionam como elementos de defesa e mobilização social.


Mas a opinião pública inexistiria não houvesse uma tuba de ressonância a propagar as ondas de pensamento. Portanto, a grande base de lançamento da opinião pública é a estritira da indústria da comunicação, composta pelos canais de televisão, emissoras de rádio, jornais e revistas, a indústria do lazer, integrada pelo cinema, teatro e eventos culturais e, ainda, pela cadeia gigantesca de entidades intermediárias, que se organizam para proteger grupos e setores da sociedade. Essas entidades possuem seus próprios meios de comunicação, mobilização e articulação, de forma que se somam à força da mídia de massa.


O fenômeno da opinião pública e as conseqüências que provoca são inerentes à sociedade de massas, que se caracteriza pela mobilidade, pela heterogeneidade e também por sua dispersão no espaço. Identifica-se, ainda, na massa, certa propensão para o conformismo, apesar de já termos identificado, em partes anteriores, o despertar de uma nova sociedade. Portanto, para o comunicador, é de fundamental importância identificar a reação da massa diante dos fatos. Não deve confundir, por exemplo, a reação de determinado grupamento social, uma comunidade localizada, conferida, identificada, com a reação da massa amorfa, heterogênea, dispersa e que se refugia no anonimato. Uma comunidade de públicos exerce uma consciência individual, tem harmonia de interesses, discute racionalmente as questões, e seus interlocutores integram-se no feed-back da comunicação simultânea. Na sociedade de massas, essas condições são impossíveis. A massa não tem autonomia em relação às fontes e o discurso massivo não permite feed-back imediato. Estes conceitos são básicos para o estabelecimento dos alvos nas políticas de comunicação.


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