Uma retaliação dos países árabes ao Brasil por causa de declarações pró-Israel do presidente eleito Jair Bolsonaro pode ter um forte impacto negativo nas exportações brasileiras, especialmente de carnes, segundo especialistas em comércio exterior, informa o Estadão. Bolsonaro manifestou a disposição de transferir a embaixada do Brasil de Tel-Aviv para Jerusalém, a exemplo do presidente norte-americano Donald Trump.
O Egito cancelou, sem previsão de nova data, uma visita oficial que o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, faria ao país entre os dias 8 e 11 próximos. No período, ocorreria também um encontro entre representantes do setor privado dos dois países. Vinte empresários brasileiros já se encontram no país e precisarão retornar sem que sejam realizadas as rodadas de negócios.
O Brasil é o maior exportador de carne Halal do mundo, isto é, com os animais abatidos sem sofrimento, seguindo os preceitos da religião muçulmana.
“Não acredito em rompimento de relações diplomáticas e comerciais, mas os árabes poderão preferir outros concorrentes brasileiros, não certificar novas plantas para o abate Halal ou não renovar a certificação”, alerta Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do Ministério de Indústria e Comércio. Ele destaca que o mercado árabe paga preço adicional pelo produto Halal.
Para José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), os países do Oriente Médio representaram 4% das exportações totais brasileiras de janeiro a outubro deste ano, cerca de US$ 8 bilhões, uma participação superior à da África, que foi de 3,4%. O economista ressalta que os países árabes têm muito dinheiro e, por isso, são mercados com potencial de crescimento muito grande.
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