
O jornalista Otávio Frias Filho, Diretor de Redação da Folha de S. Paulo, morreu na madrugada desta terça-feira aos 61 anos, vítima de um tumor no pâncreas. Mentor do Projeto Folha, que modernizou o jornalismo brasileiro na década de 1980, era também escritor, dramaturgo e advogado, formado pela Faculdade de Direito do largo de São Francisco.
Otávio foi diagnosticado com a doença em setembro de 2017 e estava internado no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. O velório ocorreu no cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, onde o corpo foi cremado.
Sob a direção de Otávio, a Folha se tornou o maior e mais influente jornal do Brasil, líder em circulação, posição que mantém desde então. O veículo consolidou-se como uma referência no jornalismo apartidário, pluralista, crítico e independente.
Esses princípios foram recentemente atualizados na versão de 2018 do “Manual de Redação”, liderado por ele. Também nortearam as iniciativas de autocontrole de sua produção jornalística: em 1989 a Folha se tornou o primeiro jornal da América Latina a ter um ombudsman, e em 1991 foi pioneiro no País em reunir correções na seção fixa Erramos.
Em texto de 25 de fevereiro último, intitulado “Jornalismo, um mal necessário”, na coluna mensal que mantinha na Ilustríssima, escreveu: “O jornalismo, apesar de suas severas limitações, é uma forma legítima de conhecimento sobre o nível mais imediato da realidade. Para afirmar sua autonomia, precisa cultivar valores, métodos e regras próprios”.
Antes mesmo de assumir o principal cargo do jornal, o que aconteceria em maio de 1984, Otávio participou de momentos cruciais no processo que desaguaria no Projeto Editorial da Folha.
Em sua última versão, de 2017, o texto preconiza o jornalismo profissional como antídoto para a notícia falsa e a intolerância. “Caberá ao conjunto dos veículos semelhantes à Folha enfatizar sua condição de praça pública, em que se contrapõem os pontos de vista mais variados e onde o diálogo em torno das diferenças é permanente.”
Deixa Fernanda Diamant, editora da revista literária Quatro Cinco Um, com quem teve as filhas Miranda e Emília, e os irmãos Maria Helena, médica, Luiz, presidente do Grupo Folha, e Maria Cristina, editora da coluna Mercado Aberto.
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