O ministro da Educação Abraham Weintraub afirmou na manhã desta terça-feira, durante café da manhã com jornalistas, ser favorável à entrada da polícia nas universidades: "Autonomia universitária não é soberania". Segundo o Estadão, ele argumentou que, no passado, a regra pode ter feito sentido, mas atualmente é dispensável: "Entendo por que no passado foi criada essa soberania universitária. Mas hoje não tem necessidade de a polícia não poder entrar no campus. Por que as universidades têm regras diferentes do resto do Brasil"?
A relação entre o ministro e universidades federais se deteriorou nos últimos dias, depois do anúncio do contingenciamento de recursos para o setor e das críticas feitas ao desempenho de cursos de humanas. A Associação Nacional de Dirigentes de Ensino Superior (Andifes) publicou uma nota em que ressaltava, entre os argumentos, a autonomia universitária.
Nesta terça, Weintraub se referiu às universidades como "torres de marfim" e que a autonomia das instituições deve se dar também na área financeira, com a criação de mecanismos que permitam a busca de recursos e patrocínios. "Hoje elas não podem... Não estou falando em cobrar, sou contra cobrar dos alunos de graduação". Mas, emendou, o ideal seria a criação de mecanismos para que empresas se tornem patronas de instituições e possam construir prédios, colocar nomes nas novas instalações: “Essas torres de marfim que a gente criou impedem que renda possa ser gerada para ser usada na pesquisa".
É esperada para amanhã uma greve em protesto contra o contingenciamento de recursos do MEC, uma medida que atingiu sobretudo as universidades federais. Hoje, o prédio do MEC amanheceu cercado por homens da Força Nacional. O secretário executivo da pasta, Antoni Paulo Vogel, afirmou que a proteção foi pedida pelo MEC: "Temos de estar preparados para evitar qualquer tipo de problema. Simples assim".