Derrota de Macri, um abalo financeiro na Argentina
- Gaudêncio Torquato
- 12 de ago. de 2019
- 2 min de leitura

Em resposta à grande derrota sofrida pelo presidente Maurício Macri no domingo, em eleições primárias que funcionaram como uma prévia da disputa presidencial de 27 de outubro, os títulos da dívida e ações de empresas argentinas registraram quedas de dois dígitos na abertura dos mercados nesta segunda-feira. O peso argentino chegou a cair 30% em relação à moeda americana, cuja cotação passou de 45 para 61 pesos por dólar, levando alguns bancos privados a suspenderem operações de câmbio, informa O Globo.
No início da tarde, o dólar estava cotado a 53 pesos e a bolsa de Buenos Aires operava com queda de 31,8%. Para tentar conter a desvalorização do peso, o Banco Central aumentou a taxa de juros básica para 74% e anunciou o leilão de US$ 100 milhões.
Os números anteciparam uma preocupação dos mercados com a política econômica que poderá ser adotada caso a chapa formada por Alberto Fernández e a ex-presidente e atual senadora Cristina Kirchner, que teve mais votos nas primárias, saia vitoriosa das eleições de outubro.
Os títulos da dívida e as ações argentinas em Wall Street tiveram uma queda de dois dígitos. Os títulos de 100 anos, promovidos pelo governo como um sucesso e um suposto sinal da recuperação argentina, caíram 14%, enquanto outros papéis caíram até 20%.
Todos as empresas argentinas listadas na Bolsa de Nova York tiveram queda, em especial as dos setores bancário e de energia — a Loma Negra, mais afetada, chegou a ter perdas de 61,57%.
Macri foi eleito em 2015 com a promessa de liberalizar a economia argentina, prometendo acabar com as intervenções do Estado promovidas por Cristina Kirchner (2007-2015), em especial no seu segundo mandato. Ele liberou o câmbio e retirou os subsídios que mantinham baixos os preços de serviços como gás e eletricidade. Mas, ao contrário do resultado que esperava inicialmente, a inflação continuou a subir e os investimentos estrangeiros não compareceram em volume suficiente.
As primárias de domingo funcionaram como uma megapesquisa das eleições presidenciais de 27 de outubro. Como não havia disputa interna nos partidos, o importante era saber que proporção de eleitores votaria em cada chapa. Com 99,37% das urnas apuradas, Alberto Fernández, que tem a ex-presidente e senadora Cristina Kirchner como vice, teve 47,66% dos votos. Macri, candidato à reeleição, recebeu 32,08% dos votos, uma diferença de menos 15 pontos percentuais. Na Argentina, para vencer no primeiro turno é necessário ter 45% dos votos ou 40% com uma diferença de ao menos 10 pontos sobre o segundo colocado.
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