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Datafolha: reprovação de Bolsonaro cresce para 38%


A reprovação do presidente subiu de 33% para 38% em relação ao levantamento anterior do Datafolha, feito no início de julho, e diversos indicadores apontam uma deterioração de sua imagem. Foram ouvidas 2.878 pessoas com mais de 16 anos em 175 municípios, segundo a Folha de S. Paulo. A aprovação de Bolsonaro também caiu, dentro do limite da margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou menos, de 33% em julho para 29% agora. A avaliação do governo como regular ficou estável, passando de 31% para 30%.


Na pesquisa de julho e na anterior, de abril, estava consolidado um cenário em que o país se dividia em três partes iguais: quem achava Bolsonaro ótimo ou bom, ruim ou péssimo e regular. De dois meses para cá, o presidente viu aprovada na Câmara a reforma da Previdência, sua principal bandeira de governo. Ato contínuo, iniciou uma escalada de radicalização, acenando a seu eleitorado mais ideológico com uma sucessão de polêmicas.


Neste período, Bolsonaro sugeriu que o pai do presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) havia sido morto por colegas de luta armada na ditadura, indicou o filho Eduardo para a embaixada brasileira em Washington e criticou governadores do Nordeste —a quem também chamou de "paraíbas". O último item coincide com a região em que mais disparou a rejeição a Bolsonaro. O Nordeste sempre foi uma fortaleza do voto antibolsonarista, mas seu índice de ruim e péssimo subiu de 41% para 52% na região de julho para cá.


O período viu o presidente bater de frente com o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) acerca de mudanças na Polícia Federal e extinguir o Coaf (órgão de investigação financeira em atuação desde 1998), recriado de forma ainda incerta sob o Banco Central —medidas tidas como tentativas de coibir investigações sobre seu filho Flávio, senador pelo PSL-RJ.


Também nesses dois meses explodiu a maior crise internacional do governo até aqui, sobre o desmatamento e as queimadas da Amazônia. Como a Folha mostrou no domingo (1º), há grande rejeição à condução de Bolsonaro no quesito (51% a consideram ruim ou péssima). Aqui, a crise teve demissão do diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) por falta de concordância do presidente com os números de desmate aferidos pelo órgão e bate-boca internacional com o presidente francês Emmanuel Macron.


A perda de apoio de Bolsonaro também foi acentuada entre aqueles mais ricos, com renda mensal acima de 10 salários mínimos. Neste segmento, a aprovação ao presidente caiu de 52% em julho para 37% agora — bastante significativa, ainda que se mantenha acima da média. A pior avaliação do mandatário é entre os mais pobres, que ganham até dois salários mínimos (22%), os mais jovens (16 a 24 anos, 24%) e com escolaridade baixa (só ensino fundamental, 26%).


No corte regional, a disparada de rejeição no Nordeste é acompanhada também em áreas tradicionalmente bolsonaristas. A região Sul, por exemplo, teve um aumento de 25% para 31% entre os que avaliam o governo como ruim ou péssimo. As mulheres seguem rejeitando mais o mandatário do que os homens: 43% delas o acham ruim ou péssimo, ante 34% dos homens. Com tudo isso, Bolsonaro segue sendo o presidente eleito mais mal avaliado em um primeiro mandato, considerando FHC, Lula e Dilma. Há outros indicativos dos motivos do azedume da população com o presidente, cujo governo ganhou nota 5,1 dos entrevistados.


Nada menos que 44% dos brasileiros não confiam na palavra do presidente, enquanto 36% confiam eventualmente e 19%, sempre. O estilo presidencial, que o entorno de Bolsonaro tenta vender como autêntico e direto, não está lhe rendendo também boa avaliação. É preponderante a percepção de que o presidente nunca se comporta conforme o cargo exige. Subiu de 25% para 32% o contingente que pensa assim — em abril, eram 23%. Já os que acham que Bolsonaro cumpre a liturgia do cargo caíram de 22% para 15%, ante 27% em abril.

Ao mesmo tempo, cai a expectativa sobre o governo: 59% acreditavam em abril que Bolsonaro faria uma gestão ótima ou boa Em julho, eram 51% e agora, 45%.


Na mão contrária, creem numa administração ruim ou péssima 32% — eram 24% em julho e 23%, em abril. Já a opinião sobre o que o presidente já fez pelo Brasil segue estável, negativamente: 62% creem que ele fez menos do que o esperado, 21% acham que ele correspondeu às expectativas e 11%, que fez mais do que o previsto.


O Datafolha também apresentou alguns assuntos para avaliar em quais áreas o governo vai melhor e pior. Para 17%, a relação com presidentes estrangeiros e com a população brasileira é o destaque. Já 15% acham que é o relacionamento com os ministros, 12%, com a imprensa e 10%, com o Congresso. Nove por cento acham que ele vai melhor nas declarações sobre o governo.


Já na avaliação negativa, 33% apontam a relação com a população, 22%, com a imprensa e 13%, com presidentes de outros países. Depois vêm as declarações sobre o governo (9%), diálogo com Congresso (6%) e ministros (4%).

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