O avanço do Brasil em um ano no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi de apenas um milésimo comparando o resultado de 2018 ao de 2017. Considerado “alto”, o IDH nacional ficou em 0,761 e colocou o Brasil na 79.ª posição entre os 189 países e territórios mapeados pela Organização das Nações Unidas (ONU), mesmo lugar da Colômbia, nação marcada pelo conflito com o narcotráfico, informa O Estado de S. Paulo.
No intervalo de um ano, o Brasil caiu uma colocação quando comparado ao restante do mundo, aponta o relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (Pnud), divulgado nesta segunda-feira, 9.
Segundo o documento, enquanto a esperança de vida ao nascer e a renda per capita subiram no Brasil, os anos esperados de escolaridade e a média de anos de estudo ficaram estagnados – ou seja, os resultados na área de educação “travaram” o crescimento do índice brasileiro. De 2016 para cá, os anos esperados de escolaridade não aumentaram, permanecendo em 15,4 – o que, na prática, significa ensino superior incompleto. Esses quesitos são considerados no cálculo do IDH, que avalia três dimensões: saúde, educação e renda.
A série histórica mostra que o crescimento do IDH nacional se desacelerou – o índice já chegou a saltar entre 0,002 e 0,003 por ano. Houve crescimento mais acentuado de 1990 a 2013, e menos expressivo a partir de 2014. Apesar disso, o diretor do relatório da ONU, Pedro Conceição, prefere analisar a trajetória ao longo das últimas décadas – em 1990, o índice brasileiro era de apenas 0,613: “A história do Brasil é de crescimento sustentado do IDH. Olhando para o desempenho do País, quando a economia voltar a soprar, a expectativa é de que o IDH comece a aumentar a uma taxa mais forte do que tem sido a dos últimos dois anos”.
Só que, quando o valor do IDH nacional é descontado pela desigualdade, o índice reduz 24,57%, cai para 0,574 e o Brasil despenca 23 posições no ranking mundial. É o país que mais perde posições no mundo inteiro. A desigualdade de renda na África subsaariana e no Brasil continua “extremamente alta”, aponta o relatório.
O primeiro colocado no ranking é a Noruega, com IDH de 0,954, seguida por outros três países europeus – Suíça (0,946), Irlanda (0,942) e Alemanha (0,939) –, que se situam na categoria de IDH “muito alto”. O país sul-americano com melhor desempenho é o Chile, em 42.º lugar (0,847). Na América Latina, o lanterna é o Haiti, com 0,503 no IDH, na faixa de baixo desenvolvimento humano. No mundo inteiro, o último lugar permaneceu com o Níger (0,377), na África Ocidental.
Brasil fica atrás de Albânia (69.º lugar), Cuba (72.º), Bósnia (75.º lugar) e México (76.º). “Acho que o Brasil tem de se orgulhar, mas não olhando para o que aconteceu de um ano para outro. O IDH é um instrumento que tenta captar uma realidade complexa, e a grande pergunta que tem de ficar é: o País está a evoluir ou não? A meu ver, está, mas não de forma linear”, observou Conceição.
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