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Bolsonaro recusa pacote de 'pobre para paupérrimo'


O presidente Jair Bolsonaro deu um prazo de três dias, até a próxima sexta-feira, para que o ministro da Economia Paulo Guedes apresente uma nova proposta para o Renda Brasil, programa social que substituirá o Bolsa Família e deve ser a marca social do governo, informa o Estadão.


O desenho apresentado ontem no Palácio do Planalto previa a revisão ou extinção de outros benefícios, como o abono salarial e o Farmácia Popular, o que foi rejeitado por Bolsonaro. Nesta quarta-feira o presidente avisou que não vai “tirar de pobres para dar a paupérrimos”.


Um novo encontro de Bolsonaro com ministros foi marcado para sexta, mas ainda não foi oficializado pelo Planalto. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, técnicos que trabalham no desenho do Renda Brasil se reuniram nesta quarta para dar início aos ajustes pedidos pelo presidente, que quer uma solução sem passar pela revisão do abono.


A avaliação na área econômica, porém, é que a revisão do abono salarial era “fundamental” para criar espaço no Orçamento para bancar o novo programa, que teria maior alcance e valor de benefício que o Bolsa Família. Só a extinção do abono, uma espécie de 14.º salário pago a trabalhadores com carteira assinada, poderia liberar cerca de R$ 20 bilhões.


Entre integrantes da equipe econômica, já há a percepção de que o Renda Brasil vai acabar com alcance e valor “não tão diferente” do Bolsa Família, que hoje paga em média R$ 190 para 14 milhões de famílias, diante das resistências do presidente em bancar a revisão dos programas considerados ineficientes e a necessidade de respeitar o teto de gastos (que limita o avanço das despesas à inflação).


Além do abono, estão na mira dos técnicos mais de 20 ações do governo, como o seguro-defeso (pago a pescadores artesanais no período de reprodução dos peixes, quando a pesca é proibida), entre outros.


No início de sua gestão, Bolsonaro deu aval a uma proposta de redução do alcance do abono salarial, que foi incluída na reforma da Previdência, mas acabou sendo rejeitada pelos parlamentares. A percepção dentro do governo, porém, é que o momento político agora é outro e que o custo político da proposta da Economia é alto para quem quer elevar sua popularidade.


Em viagem a Ipatinga (MG) nesta quarta, Bolsonaro admitiu que discorda do plano de Guedes, que inclui a revisão de outros benefícios, e avisou que não o enviará ao Congresso. “Ontem discutimos a possível proposta do Renda Brasil. E eu falei 'está suspenso', vamos voltar a conversar. A proposta, como a equipe econômica apareceu para mim não será enviada ao Parlamento. Não posso tirar de pobres para dar a paupérrimos. Não podemos fazer isso aí”, disse.

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